Neste artigo, Ugne Buraciene, CEO do Grupo payabl., explora a jornada do Open Banking desde 2018 e como ele tem revolucionado os serviços financeiros. Ela analisa os desafios enfrentados, as conquistas alcançadas e o futuro promissor das finanças incorporadas.
É incrível que o Open Banking, outrora um conceito visionário, esteja agora a celebrar o seu sétimo aniversário. Quando foi lançado no Reino Unido em 2018, a sua missão era clara: transformar o panorama dos serviços financeiros, dando aos consumidores e empresas maior controlo sobre os seus dados, aumentando a concorrência e fomentando a inovação.
Sete anos depois, é altura de refletir sobre o caminho percorrido, os desafios superados e as oportunidades emocionantes que ainda estão por vir.
Um conceito revolucionário
O Open Banking foi introduzido para resolver ineficiências de longa data no sistema financeiro. Ao exigir que os bancos partilhassem dados dos clientes através de APIs seguras, a iniciativa visava capacitar indivíduos e empresas para gerirem as suas finanças de forma mais eficaz.
Os consumidores ganharam a capacidade de ver múltiplas contas num único local, aceder a insights financeiros personalizados e usufruir de soluções inovadoras adaptadas às suas necessidades.
Para as empresas, especialmente PMEs, o Open Banking ofereceu ferramentas para uma melhor gestão de fluxo de caixa, simplificou candidaturas a empréstimos e acelerou o acesso a produtos financeiros personalizados.
Serviços de iniciação de pagamentos surgiram como uma alternativa de baixo custo e alta velocidade aos pagamentos tradicionais com cartão, dando aos comerciantes uma vantagem competitiva.
Progresso até hoje
A adoção do Open Banking tem sido mais lenta do que alguns anteciparam, mas o progresso é inegável. Existem agora mais de 11,7 milhões de utilizadores ativos de produtos habilitados para Open Banking no Reino Unido, e mais de 22,1 milhões de pagamentos via Open Banking são realizados mensalmente, um testemunho da sua relevância crescente.
Na Europa, a PSD2 criou um quadro para inovações semelhantes, inspirando uma onda de soluções fintech que aproveitam as capacidades do Open Banking.
Para instituições financeiras, o Open Banking tem sido um catalisador de transformação. Sistemas legados estão gradualmente a dar lugar a arquiteturas baseadas em APIs, permitindo que os bancos colaborem com fintechs e ofereçam serviços mais centrados no cliente. Este ecossistema colaborativo impulsionou inovações em áreas como gestão financeira pessoal, avaliação de crédito e processamento de pagamentos.
Desafios pelo caminho
A jornada não tem sido sem obstáculos. A consciencialização dos consumidores continua a ser um desafio significativo; muitos ainda não entendem totalmente os benefícios ou até a existência do Open Banking. A confiança é outro fator crítico, já que os indivíduos são naturalmente cautelosos em partilhar dados financeiros sensíveis, mesmo com a promessa de segurança.
Para os bancos, a mudança exigiu investimentos significativos em tecnologia e conformidade, muitas vezes sobrecarregando recursos. Garantir funcionalidade perfeita das APIs e gerir riscos de fraude e violações de dados continuam a ser prioridades.
Perspetivando o futuro
No final de 2024, realizámos uma pesquisa no Merchant Risk Council em Amesterdão, perguntando aos participantes quais tendências de pagamento consideravam que moldariam 2025. O Open Banking não entrou no top três. Tendências como pagamentos instantâneos, mudanças regulatórias e IA foram classificadas como mais relevantes. O Open Banking ficou em quarto lugar – apenas 36% dos inquiridos viram-no como um motor de mudança.
Este resultado levanta uma questão importante: O potencial do Open Banking estagnou, ou está simplesmente ofuscado por prioridades mais imediatas? Talvez a resposta esteja na sua evolução futura.
O próximo capítulo: Finanças Incorporadas
A olhar para a frente, o verdadeiro potencial do Open Banking reside na sua evolução para finanças incorporadas. Ao integrar serviços financeiros em plataformas do quotidiano – sejam de e-commerce, aplicações de transporte ou serviços de subscrição – as finanças incorporadas elevam a conveniência e a personalização a um novo nível.
Imagine efetuar pagamentos diretamente de uma conta bancária dentro da aplicação de um retalhista, sem precisar de detalhes de cartão. Pequenas empresas poderiam usar ferramentas que automatizam faturas e fornecem insights em tempo real sobre fluxo de caixa, tudo dentro do seu software de contabilidade. É assim que o Open Banking pode aproximar-se das necessidades do mundo real.
Colaboração é essencial
O futuro do Open Banking depende da colaboração entre bancos, fintechs, reguladores e empresas. Os padrões devem continuar a evoluir para garantir compatibilidade entre regiões e indústrias. Igualmente importantes são campanhas de educação para aumentar a confiança dos consumidores.
Os reguladores também têm um papel crucial. Devem fomentar a inovação enquanto protegem a privacidade e segurança dos dados. O Open Finance – estendendo os princípios do Open Banking a áreas como pensões, seguros e investimentos – poderá ser o próximo marco revolucionário.
Um futuro promissor
Ao celebrar sete anos, vemos o quanto o Open Banking avançou, mas sabemos que a sua jornada está apenas a começar. O caminho à frente está cheio de desafios, mas as oportunidades são ainda maiores. Trabalhando em conjunto, inovando e mantendo os clientes no centro de tudo, podemos desbloquear o seu pleno potencial.
Orgulhamo-nos de fazer parte desta história. Como a nossa pesquisa mostra, o Open Banking pode ainda não ser prioridade máxima, mas a sua base é crítica para permitir o futuro dos pagamentos. Celebremos o que alcançámos até agora e preparemo-nos para o que está por vir. Os melhores anos do Open Banking estão ainda por chegar.
Disclaimer: Este artigo é uma tradução autorizada do original intitulado “Open Banking turns 7: Reflecting on the journey here and the road ahead” escrito por Ugne Buraciene e publicado originalmente no site Finextra. A tradução foi realizada pela equipa do FintechAO, que assume total responsabilidade por eventuais imprecisões na adaptação para o português.
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Ugne Buraciene
Ugnè B. é CEO do grupo @payabl., com mais de 15 anos de experiência em pagamentos e fintech. Especialista em soluções escaláveis para e-commerce global, é também embaixadora da EWPN. Focada em inovação, pagamentos transfronteiriços e compliance regulatório.