África acelera no uso de criptomoedas para remessas
As criptomoedas estão a ganhar espaço no mercado africano de remessas. De acordo com o relatório Africa’s Cross-Border Payment Landscape, publicado em maio de 2025, transações realizadas através de criptoativos e blockchain já movimentaram cerca de US$ 125 mil milhões em transferências internacionais no continente.
Esta tendência coloca África entre as regiões com maior adoção global de soluções cripto para pagamentos. O relatório, desenvolvido pela Oui Capital e diversos especialistas do setor, aponta que o uso de stablecoins e blockchains públicas tem ajudado a contornar limitações das infraestruturas bancárias tradicionais.
Liquidações instantâneas e custos reduzidos
Uma das grandes vantagens das soluções baseadas em blockchain é a eliminação de intermediários. Enquanto as transferências via bancos e redes como a SWIFT podem levar de 1 a 5 dias e custar entre 5% a 12%, as soluções cripto oferecem liquidações quase instantâneas com taxas entre 0% e 1%.
Além disso, o uso de stablecoins, como o USDC, permite estabilidade no valor enviado. Isso evita perdas cambiais, um problema comum em regiões com moedas locais voláteis.
Soluções cripto ganham espaço junto a fintechs africanas
Plataformas como Afriex, Bitnob e redes baseadas em Stellar têm liderado esta transformação digital. Estas empresas permitem que indivíduos e pequenas empresas enviem e recebam fundos de forma rápida, com custos mínimos e sem necessidade de contas bancárias formais.
Apesar da escalabilidade ainda ser limitada por barreiras regulatórias e por dificuldades na conversão entre cripto e moeda fiduciária local, o potencial é promissor. O relatório destaca que a redução de até 60% nas taxas de envio representa uma poupança significativa para milhões de famílias e PMEs africanas.
Desafios ainda persistem
No entanto, o relatório alerta para obstáculos importantes. A incerteza regulatória, a falta de rampas de entrada e saída em moeda local e a baixa adoção institucional ainda impedem o crescimento pleno dessas soluções.
Muitos países africanos ainda não têm estruturas claras para integrar plenamente ativos digitais nos seus sistemas financeiros. Por isso, embora o uso de cripto em remessas esteja a crescer, a massificação depende de maior apoio regulatório e técnico.
Perspetivas para o futuro
Com o fortalecimento de infraestruturas como a PAPSS (Pan-African Payment and Settlement System) e maior integração de fintechs com soluções descentralizadas, o uso de criptomoedas no continente poderá crescer ainda mais. O relatório estima que, com a regulamentação adequada, as remessas cripto podem representar uma parte substancial dos US$ 1 trilhão previstos para o mercado de pagamentos transfronteiriços africanos até 2035.
Fonte: Relatório “Africa’s Cross-Border Payment Landscape”, Oui Capital, Maio 2025
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