A introdução do euro digital pode representar um travão à inovação no setor bancário europeu, segundo um estudo recente, o “Digital Euro Cost Study 2025“, publicado pela PwC. O relatório, encomendado pelas principais associações bancárias (EACB, EBF e ESBG), alerta para o impacto negativo que o projeto poderá ter sobre os recursos humanos e tecnológicos dos bancos retalhistas.
Recursos humanos sob pressão
De acordo com o relatório, os bancos estimam que cerca de 46% dos seus especialistas com competências relevantes ficarão dedicados à implementação do euro digital durante quatro anos. Esta alocação maciça de recursos humanos poderá afetar diretamente a capacidade das instituições para desenvolver novos produtos, investir em inovação e responder à concorrência tecnológica.
Além da carga de trabalho, os bancos enfrentam ainda um custo médio de 110 milhões de euros por instituição, apenas para adaptar sistemas, apps, ATMs e terminais POS à nova moeda digital. Quando extrapolado para todo o setor, o valor poderá atingir 18 mil milhões de euros.
Incertezas e sobreposição com soluções privadas
O estudo também destaca as dúvidas sobre o modelo de negócio e os incentivos para os intermediários financeiros. Os bancos terão de cumprir exigências como KYC, AML e gestão de liquidez, sem garantias claras de compensação. Adicionalmente, há receios de que o euro digital concorra com soluções privadas já estabelecidas, como o MB Way ou o Bizum.
Outro ponto de fricção prende-se com a possível integração do euro digital em plataformas de grandes empresas tecnológicas globais, o que poderá beneficiar players não europeus e colocar os bancos locais em desvantagem.
Apelo a uma análise custo-benefício antes de avançar
O estudo recomenda que o projeto do euro digital passe por uma avaliação de custo-benefício detalhada, antes de qualquer decisão final. Esta análise deverá considerar a viabilidade económica, o impacto sobre a inovação e a necessidade de compensar os intermediários de forma justa.
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