Washington investiga práticas discriminatórias e ameaça com tarifas elevadas
O governo dos Estados Unidos iniciou uma investigação formal às práticas comerciais do Brasil, com foco especial no comércio digital. Segundo a Reuters, o anúncio foi feito esta terça-feira pelo Representante do Comércio dos EUA, Jamieson Greer, em Washington.
A medida surge após o Presidente Donald Trump ameaçar aplicar uma tarifa de 50% às importações brasileiras, o dobro da proposta inicial. Segundo Greer, a investigação procura apurar se o Brasil impõe barreiras comerciais “injustificáveis ou discriminatórias” que prejudicam empresas e trabalhadores norte-americanos.
Por orientação do Presidente Trump, estou a lançar uma investigação ao abrigo da Secção 301 relativamente aos ataques do Brasil.
Jamieson Greer – Representante do Comércio nos EUA
Entre os setores afetados estão empresas tecnológicas, redes sociais, agricultores, trabalhadores e inovadores digitais dos EUA. As principais queixas dizem respeito às tarifas aplicadas pelo Brasil a bens norte-americanos, nomeadamente o etanol, e ao tratamento diferenciado dado a outros parceiros comerciais.
Além disso, os EUA criticam a falta de medidas eficazes contra a corrupção e o desmatamento ilegal, fatores que, segundo Washington, comprometem a competitividade dos produtores de madeira e bens agrícolas norte-americanos.
Ligação direta ao caso Bolsonaro surpreende especialistas
Trump justificou a tarifa de 50% com o processo judicial contra o ex-Presidente Jair Bolsonaro, acusado de alegadamente planear um golpe de Estado. A decisão de associar sanções comerciais a um processo político interno causou surpresa entre analistas de comércio internacional.
Brasil sem resposta formal até ao momento
O Brasil ainda não reagiu oficialmente à abertura da investigação. O Vice-Presidente Geraldo Alckmin declarou esta semana que o governo brasileiro continua sem resposta dos EUA a uma proposta apresentada em negociações anteriores, há dois meses.
Durante o primeiro mandato, Trump já tinha recorrido à Secção 301 da Lei do Comércio de 1974 para justificar tarifas aplicadas à China. Agora, a mesma legislação serve de base para o novo braço de ferro comercial com o Brasil.
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