O governo brasileiro reagiu com firmeza às críticas feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ao sistema de pagamentos instantâneos Pix. Trump anunciou, a 15 de julho, uma investigação contra o Brasil por supostas “práticas comerciais desleais”, acusando o país de favorecer o Pix em detrimento de empresas norte-americanas como Visa, Mastercard e Amex.
O presidente Lula da Silva respondeu de forma clara: “O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é património do nosso povo.” Segundo o governo brasileiro, os EUA estão a tentar interferir no sucesso de uma inovação nacional que já revolucionou a forma como os brasileiros lidam com o dinheiro.
Sistema elogiado e amplamente usado
Criado pelo Banco Central do Brasil em novembro de 2020, o Pix permite transferências gratuitas e instantâneas entre contas bancárias. Hoje, é utilizado por cerca de 160 milhões de pessoas, o que representa 76% da população brasileira. O sistema já responde por quase metade do volume total de transações financeiras no país.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classificou o Pix como “altamente bem-sucedido”. A iniciativa de inclusão financeira do G20 também o reconheceu como exemplo global de boas práticas.
Impacto social e adesão popular
O Pix tem impacto direto na vida de milhões de brasileiros, inclusive em comunidades indígenas e regiões remotas. Em Sawré Muybu, na Amazónia, os moradores utilizam o sistema para pagar contas, vender artesanato e receber encomendas. Para muitos, como Valdenildo Saw, o Pix eliminou a necessidade de deslocações longas até centros urbanos.
Campanha nacional em defesa do Pix
Perante as críticas, o governo brasileiro lançou nas redes sociais a campanha “PIXéNosso, My Friend”. O objetivo é afirmar que o sistema é seguro, gratuito e motivo de orgulho nacional. O governo acusou os EUA de sofrerem um “ataque de ciúmes” por não terem um sistema semelhante.
Segundo o deputado Elvino Bohn Gass (PT), a pressão dos EUA está relacionada com o lobby das empresas que perderam espaço com o avanço do Pix. “O que Trump chama de ‘prática desleal’ é apenas o medo da concorrência”, afirmou.
Fonte: Financial Times
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