Um grupo de investigadores afirma ter criado uma inteligência artificial capaz de prever e simular decisões humanas, segundo a Science. O modelo, chamado Centaur, foi treinado com base num vasto conjunto de dados comportamentais. A novidade foi publicada esta semana na prestigiada revista Nature.
Desenvolvido com o modelo de linguagem Llama, da Meta, o Centaur recebeu dados de 160 experiências de psicologia, que envolvem mais de 60 mil pessoas e 10 milhões de decisões. A base chama-se Psych-101 e inclui testes como os do “bandido com dois braços”, onde participantes escolhem entre máquinas com probabilidades desconhecidas.
Simulações realistas e decisões humanas
Os cientistas usaram 90% dos dados humanos para treinar o Centaur e depois testaram se ele conseguiria prever os 10% restantes. Em muitos casos, o modelo apresentou respostas mais próximas das decisões humanas do que modelos cognitivos tradicionais.
Mesmo quando os testes eram modificados, como na introdução de uma terceira opção no jogo, o Centaur manteve resultados consistentes. Para os criadores, o modelo pode servir para testar experiências “in silico” antes de aplicar com humanos.
Ceticismo entre os especialistas
Apesar do entusiasmo, muitos especialistas mostram-se cautelosos. Blake Richards, da McGill University, alerta que o modelo não reflete processos mentais reais. Para ele, o Centaur pode gerar saídas parecidas com decisões humanas, mas não replica o funcionamento da mente.
Jeffrey Bowers, da Universidade de Bristol, considera o modelo “absurdo”. Aponta que ele responde com velocidades sobre-humanas e memoriza até 256 dígitos — algo impossível para humanos, que retêm, em média, apenas sete.
Valor científico ou ilusão?
Federico Adolfi, da Sociedade Max Planck, afirma que o modelo “é fácil de quebrar”. Para ele, 160 experiências são apenas uma gota no oceano da cognição.
Outros, como Rachel Heaton, destacam o valor do conjunto de dados Psych-101 para o avanço da investigação. Katherine Storrs, da Universidade de Auckland, considera o trabalho promissor, apesar das críticas.
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