A China está a desafiar a supremacia da Starlink, rede de satélites de Elon Musk, com projetos ambiciosos apoiados pelo Estado, de acordo com a Reuters. A SpaceSail, empresa sediada em Xangai, planeia lançar 15.000 satélites até 2030, ameaçando a liderança da Starlink, que tem hoje cerca de 7.000 dispositivos em órbita.
Segundo dados da consultoria Analysys Mason, a China lançou 263 satélites de órbita terrestre baixa (LEO) em 2023, um recorde histórico. Paralelamente, o Brasil negocia com o Project Kuiper de Jeff Bezos e a canadiana Telesat para expandir a cobertura de internet em áreas remotas.
SpaceSail avança em mercados estratégicos
A SpaceSail, controlada pelo governo de Xangai, assinou em novembro um acordo para operar no Brasil e está em conversações com mais de 30 países. Em janeiro, iniciou operações no Cazaquistão, segundo a embaixada local em Pequim.
Segundo a Reuters, a empresa recusou-se a comentar os planos de expansão quando questionada. No entanto, um jornal ligado ao regulador de telecomunicações chinês descreveu a tecnologia da SpaceSail como “capaz de transcender fronteiras nacionais e cobrir o mundo incondicionalmente”.
Brasil procura alternativas à Starlink
O governo brasileiro, que já teve conflitos com Musk sobre política e comércio, está a diversificar opções para levar internet rápida a regiões isoladas. Um funcionário anónimo confirmou conversas com o Project Kuiper e a Telesat, reveladas pela primeira vez pela Reuters.
A Starlink domina atualmente o setor, com mais satélites LEO lançados desde 2020 do que todos os concorrentes juntos. Estes dispositivos, posicionados abaixo de 2.000 km de altitude, oferecem conexão de alta velocidade para navios, zonas de guerra e comunidades remotas.
Investimentos chineses em tecnologia militar
Pequim vê a liderança de Musk no espaço como uma ameaça. Além de financiar concorrentes como a SpaceSail, a China está a desenvolver ferramentas militares para rastrear constelações de satélites, segundo registos empresariais e estudos académicos citados pela Reuters.
A estratégia inclui não apenas satélites, mas também pesquisa em inteligência artificial e cibersegurança. Para especialistas, esta abordagem reforça a corrida tecnológica entre EUA e China, que se estende do solo ao espaço.
Desafios para a Starlink
Enquanto a SpaceSail mira 648 satélites já em 2024, a Starlink enfrenta pressão para manter seu domínio. A empresa de Musk pretende operar 42.000 satélites até 2030, mas concorrentes com apoio estatal podem complicar este objetivo.
Além disso, governos como os da Austrália e EUA alertam para riscos de segurança. A dependência de redes satélite controladas por potências estrangeiras preocupa autoridades, especialmente em contextos geopolíticos tensos.
O futuro da internet global
A expansão da SpaceSail e as negociações do Brasil sugerem uma fragmentação do mercado. Enquanto empresas privadas norte-americanas dominam hoje, a entrada de atores estatais pode redefinir as regras do jogo.
Para países em desenvolvimento, a competição traz oportunidades. Comunidades isoladas, como as da Amazónia ou do Cazaquistão, poderão ganhar acesso a internet rápida a preços mais acessíveis.
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