Pequim quer moldar regras globais e partilhar tecnologia com países do Sul Global
A China anunciou um plano abrangente para liderar a governação da inteligência artificial (IA) a nível mundial. A proposta inclui a criação de um organismo internacional de cooperação em IA e o reforço do papel das Nações Unidas no diálogo técnico e regulatório.
Durante a abertura da World Artificial Intelligence Conference (WAIC), realizada em Xangai, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou para os “gargalos” no fornecimento de chips e criticou os “monopólios tecnológicos” que, segundo ele, impedem a inovação. Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, apontou que as restrições existentes tornam a IA “um jogo exclusivo para alguns países e empresas”.
Devemos formar um quadro global com amplo consenso o mais rapidamente possível.
Li Qiang, primeiro-ministro chinês
Proposta chinesa inclui plano de 13 pontos
Logo após o discurso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China divulgou um plano de 13 pontos para a governação global da IA. O documento propõe a criação de dois novos mecanismos de diálogo sob a égide das Nações Unidas, bem como um quadro de segurança para a IA.
Pequim também promoveu a sua “inovação aberta” e o compromisso em partilhar tecnologias autóctones. Empresas como a DeepSeek e a Alibaba tornaram os seus modelos de linguagem de grande escala (LLMs) disponíveis em regime open-source.
Partilha com o Sul Global
Li sublinhou o desejo da China em partilhar tecnologia com o Sul Global, afirmando que a IA deve beneficiar todos os países, não apenas as grandes potências.
Queremos fornecer mais soluções chinesas e contribuir com sabedoria chinesa para a governação global da IA.
Li Qiang, primeiro-ministro chinês
A edição de 2025 da WAIC registou uma forte presença internacional. Representantes de mais de 40 países participaram no evento, que decorre ao longo de quatro dias. Entre os oradores estão Eric Schmidt (ex-Google), Geoffrey Hinton (Prémio Nobel) e Yoshua Bengio.
Rivalidade com os EUA
A proposta surge dias depois de a Casa Branca divulgar o seu plano para garantir a liderança dos EUA na IA. O documento americano defende o corte da burocracia, o investimento em infraestrutura e o combate à influência tecnológica chinesa.
Entretanto, Washington levantou recentemente a proibição de venda do chip H20 da Nvidia à China, após alertas do CEO da empresa, Jensen Huang, sobre a possível perda de liderança para a Huawei.
Fonte: Financial Times
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