A Deepseek, startup chinesa de inteligência artificial, anunciou a liberação de códigos e dados-chave para o público a partir da próxima semana. Esta medida inédita coloca a empresa na vanguarda do movimento de código aberto, superando iniciativas de concorrentes como OpenAI e Meta.
Segundo um comunicado divulgado na rede social X, a empresa disponibilizará cinco repositórios de código, permitindo que desenvolvedores e pesquisadores baixem, modifiquem ou melhorem a tecnologia por trás de projetos como a plataforma R1.
O que será disponibilizado?
Os repositórios incluem não apenas códigos, mas também dados de treino e metodologias de desenvolvimento. Essa transparência total contrasta com a abordagem de rivais como a Anthropic, que mantêm seus modelos fechados.
A decisão surge após os modelos da Deepseek superarem os da OpenAI e da Meta em testes de desempenho. Além disso, a empresa, sediada em Hangzhou, já forçou gigantes locais como a Baidu a adotarem políticas mais abertas.
Impacto na corrida tecnológica global
A iniciativa pode acelerar a competição entre EUA e China no desenvolvimento de IA avançada. Ao compartilhar gratuitamente sua tecnologia, a Deepseek busca ampliar a adoção global de suas ferramentas. No entanto, governos como os dos EUA e Austrália já manifestaram preocupações sobre riscos de segurança.
Para a startup, a estratégia visa democratizar o acesso à IA. “Somos uma pequena equipe explorando AGI. Compartilharemos nosso progresso com total transparência”, destacou a empresa no X.
Abordagem de código aberto vs. modelos fechados
Enquanto empresas como a Meta liberam modelos prontos para personalização, a Deepseek vai além: disponibiliza o “esqueleto” de sua tecnologia. Essa diferença atrai pesquisadores que buscam entender e aprimorar os sistemas desde a base.
A OpenAI, por exemplo, iniciou como código aberto, mas migrou para modelos proprietários. Já a Deepseek mantém-se fiel à filosofia de inovação colaborativa, mesmo sem revelar apoios financeiros externos.

Estratégia de crescimento e desafios
Fundada há 20 meses por Liang Wenfeng, ex-líder de um fundo de hedge quantitativo, a Deepseek opera com uma equipa enxuta e sem pressão imediata para gerar receita. Isso contrasta com startups norte-americanas como a xAI, que receberam bilhões em investimentos.
A empresa descreve sua cultura como “energia de garagem”, focada em inovação comunitária. O modelo, porém, levanta dúvidas sobre sustentabilidade a longo prazo, especialmente num mercado dominado por gigantes bem capitalizados.
Próximos passos
A partir desta semana, a comunidade global de IA terá acesso a ferramentas até então restritas. Especialistas acreditam que a medida pode catalisar avanços em áreas como processamento de linguagem e análise de dados.
Para a Deepseek, o desafio será equilibrar transparência com a proteção de inovações críticas. Enquanto isso, o setor observa se esta abordagem inspirará uma nova geração de desenvolvedores a aderir ao código aberto.
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