Nunes Sole aborda neste artigo o efeito disruptor da DeepSeek no panorama tecnológico, os desafios que se colocam no plano ético e as implicações futuras.
O Leviatã, seja como monstro bíblico ou metáfora de poder absoluto em Hobbes, simboliza uma força formidável capaz de moldar o mundo ao seu redor. Hoje, no cenário tecnológico, a DeepSeek emerge como um possível “leviatã” moderno. Com avanços disruptivos e um impacto global sem precedentes, a DeepSeek não só desafiou gigantes como Nvidia e OpenAI, mas também sofreu um ataque cibernético, aumentando ainda mais o mistério em torno da sua influência.
O que é a DeepSeek?
Fundada em 2023 em Hangzhou, China, a DeepSeek rapidamente se destacou ao lançar o modelo DeepSeek-R1, um sistema de IA avançado que combina alta performance com custos extremamente baixos. Desenvolvido com apenas 6 milhões de dólares e utilizando chips Nvidia H800 menos avançados, o modelo R1 tornou-se um marco na democratização da IA com sua abordagem open-source.
O impacto foi imediato: a DeepSeek ultrapassou o ChatGPT como o aplicativo mais descarregado nos EUA e na China em janeiro de 2025. No entanto, ontem a empresa alegou ter sido alvo de um ataque cibernético que comprometeu temporariamente os seus servidores globais. Embora os detalhes ainda sejam escassos, analistas sugerem que o incidente pode estar relacionado à crescente tensão geopolítica envolvendo tecnologia.
DeepSeek: O Leviatã Tecnológico
Imponência e escala
Assim como o Leviatã domina os mares, a DeepSeek está a dominar o mercado global de IA. A sua ascensão meteórica abalou gigantes tecnológicas como Nvidia, Meta e Microsoft. Ontem, as ações da Nvidia despencaram impressionantes 17%, resultando numa perda histórica de quase 600 mil milhões de dólares em valor de mercado – a maior queda já registrada por uma empresa nos EUA.
A Meta e a Microsoft também não escaparam do impacto: as suas ações caíram 3,1% e 3,8%, respetivamente. Este movimento reflete o medo crescente entre investidores sobre como modelos mais baratos e eficientes da DeepSeek podem redefinir o mercado.
Capacidade de mudança
A DeepSeek não apenas desafia os líderes tecnológicos ocidentais, mas também força uma reavaliação das estratégias empresariais. A OpenAI já anunciou planos para lançar uma versão gratuita do GPT-4 para competir com o modelo R1 .
Além disso, empresas como Meta criaram “salas de crise” para analisar os avanços da DeepSeek e desenvolver contramedidas.
Inovação e poder
O modelo R1 utiliza técnicas inovadoras como Mixture of Experts (MoE) e Multi-Head Latent Attention (MLA), otimizando recursos enquanto reduz custos operacionais.
Contudo, essa eficiência levanta questões éticas sobre privacidade e segurança digital. O recente ataque cibernético contra a DeepSeek reacendeu debates sobre vulnerabilidades no setor de IA.
Desafios éticos e implicações futuras
A ascensão da DeepSeek traz consigo desafios significativos. Por um lado, representa uma democratização do acesso à IA; por outro, levanta preocupações sobre monopólios tecnológicos e segurança global. Além disso, as perdas históricas no mercado financeiro destacam os riscos associados à disrupção tecnológica.
Com tensões geopolíticas em alta e acusações de espionagem digital entre potências globais, a DeepSeek pode enfrentar obstáculos regulatórios no Ocidente. No entanto, se conseguir superar esses desafios, poderá consolidar-se como líder global em IA. Espera-se que a DeepSeek continue a pressionar as grandes empresas tecnológicas a inovarem com mais eficiência.
Conclusão
Em suma, a DeepSeek é mais do que uma startup promissora; é uma força disruptiva que redefine os limites da inteligência artificial global. Tal como o Leviatã hobbesiano simboliza poder absoluto e transformação social, a DeepSeek emerge como um leviatã tecnológico que desafia gigantes estabelecidos e abre novas possibilidades para o futuro da IA. Resta saber se esta entidade colossal trará apenas progresso ou também caos.

Nunes Sole
Nunes Sole é um profissional com +16 anos de experiência no setor financeiro, onde vem desempenhado funções de liderança em crédito, operações e conformidade regulatória, liderando projetos de grande escala em ambientes operacionais complexos. Apaixonado por fintechs, dedica-se a explorar soluções que impulsionam a acessibilidade e modernização dos serviços financeiros.