As fraudes com IA estão a atingir níveis históricos no Reino Unido. De acordo com o Financial Times, criminosos estão a usar inteligência artificial para aumentar o número e a sofisticação dos ataques, levando os bancos a intensificar as suas defesas tecnológicas.
Nos primeiros seis meses do ano, o número de casos confirmados ultrapassou 2 milhões, um aumento de 17% face ao mesmo período de 2024. As perdas financeiras também cresceram, superando 629 milhões de libras — mais 3% que no ano anterior.
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Fraudes de investimento e romance em alta
Entre os esquemas mais comuns destacam-se as fraudes de investimento e os enganos românticos. As perdas com fraudes de investimento subiram 55%, totalizando quase 100 milhões de libras, com uma perda média superior a 15.000 libras por vítima.
Os burlões recorrem agora a vídeos deepfake, onde figuras financeiras conhecidas parecem recomendar investimentos em criptomoedas. Em alguns casos, criam sites falsos com painéis de desempenho e retiradas simuladas para enganar as vítimas e levá-las a investir ainda mais.
As fraudes românticas cresceram 19% e geraram perdas de 20,5 milhões de libras. Estes esquemas prolongam-se por meses até que as vítimas confiem totalmente nos criminosos, realizando em média nove transferências por caso.
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Bancos respondem com inteligência artificial
Os bancos britânicos também estão a usar IA para detetar fraudes em tempo real. Só no primeiro semestre, 870 milhões de libras em transações não autorizadas foram bloqueadas — 20% mais do que em 2024.
Ruth Ray, diretora de política de fraude na UK Finance, afirmou que os bancos “investem em ferramentas de IA que identificam padrões suspeitos e protegem clientes sob influência de burlões”. No entanto, os criminosos adaptam-se, usando compras de baixo valor — como cartões-presente — para contornar os sistemas de segurança.
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Responsabilidade partilhada
A UK Finance apelou a uma colaboração entre bancos, empresas de telecomunicações e plataformas digitais. Segundo Ben Donaldson, diretor de crime económico da instituição, “não basta reagir durante o crime — é essencial preveni-lo desde o início”.
A utilização de IA em fraudes e na sua prevenção marca uma nova fase da guerra tecnológica entre criminosos e instituições financeiras, onde a inovação é tanto uma arma quanto uma defesa.

