EUA apertam controlo sobre chips de IA Ascend da Huawei
O governo dos Estados Unidos declarou esta semana que a utilização dos chips de inteligência artificial (IA) Ascend, fabricados pela Huawei Technologies Co., viola as regras de exportação dos EUA — mesmo fora do seu território. A medida representa uma escalada significativa na política norte-americana de contenção dos avanços tecnológicos da China.
Segundo o Gabinete da Indústria e Segurança (Bureau of Industry and Security), pertencente ao Departamento de Comércio, o uso dos chips “em qualquer parte do mundo” contraria os controlos impostos por Washington. Além disso, a agência planeia alertar o público para os riscos de permitir que chips de IA desenvolvidos nos EUA sejam usados por modelos chineses, seja para treino ou inferência.
Tecnologia em disputa
O treino de modelos de IA consiste na exposição massiva a dados para ensinar o reconhecimento de padrões. Já a inferência é a fase em que o modelo aplica esse conhecimento para executar tarefas. Os EUA temem que o uso de tecnologia norte-americana nesse processo ajude a China a acelerar o desenvolvimento da sua inteligência artificial.
As novas diretrizes colocam ainda mais entraves à Huawei, sediada em Shenzhen, que tem enfrentado sérias dificuldades devido às sanções impostas pelos EUA. A empresa trabalha actualmente em dois novos processadores Ascend baseados em arquitetura de 7 nanómetros — tecnologia que já é comum, mas cujo acesso tem sido bloqueado por restrições lideradas por Washington.
Retrocesso nas regras de Biden
No mesmo anúncio, o Departamento de Comércio informou que irá revogar regras criadas durante a administração Biden. Estas regras restringiam a exportação de semicondutores usados em IA. Contudo, empresas como Nvidia e Oracle, além de aliados dos EUA, manifestaram-se contra as medidas, por considerarem que colocavam os seus países num patamar inferior.
Segundo o governo, as regras seriam substituídas futuramente por novas directrizes. O objectivo seria implementar uma política mais inclusiva, que permita a partilha da tecnologia com países aliados, mantendo-a fora do alcance de adversários estratégicos.
Próximos passos da política tecnológica dos EUA
Fontes próximas da administração Trump indicam que está em estudo uma abordagem alternativa. Esta poderá passar por acordos individuais com cada país, em vez de políticas amplas. Segundo o Departamento de Comércio, qualquer solução futura deverá equilibrar inovação, segurança e cooperação internacional.
Fonte: Bloomberg
Veja também: