O JPMorgan Chase, o maior banco dos Estados Unidos, está a estudar a possibilidade de conceder crédito com garantias em criptomoedas, como bitcoin e ethereum. A medida, que poderá entrar em vigor já em 2025, representa uma viragem significativa na abordagem da banca tradicional ao setor cripto.
Jamie Dimon, CEO do banco, tem historicamente adotado uma postura crítica face ao bitcoin. Em 2017, chegou a classificar a moeda digital como uma “fraude”. No entanto, nos últimos tempos, o discurso de Dimon suavizou-se. Em maio deste ano, afirmou: “Defendo o seu direito a comprar bitcoin. Força nisso.”
Abertura ao setor cripto
Embora o JPMorgan não tenha confirmado oficialmente os planos, fontes próximas indicam que a iniciativa está em estudo. O banco já demonstrou interesse no setor ao preparar-se para emprestar com base em fundos cotados (ETFs) ligados a criptoativos. Aceitar os ativos digitais diretamente como garantia seria um passo ainda mais ambicioso.
Ao contrário de outros bancos como o Goldman Sachs, que ainda rejeitam criptomoedas como colateral, o JPMorgan poderá recorrer a parceiros como a Coinbase para guardar os ativos em segurança, uma vez que não mantém criptoativos no seu próprio balanço.
Mudança no clima regulatório
O ambiente político em Washington tem vindo a tornar-se mais favorável às criptomoedas. A recente aprovação, pela Câmara dos Representantes, de uma legislação sobre stablecoins é vista como um primeiro passo para enquadrar juridicamente os ativos digitais.
Estes avanços legislativos animam os grandes bancos, que passam a ter maior segurança jurídica para operar com criptomoedas. Os stablecoins, ao estarem indexados a ativos como o dólar, são vistos como menos voláteis e mais aceitáveis para as instituições financeiras.
Desafios técnicos e de conformidade
Apesar do avanço, ainda existem obstáculos. Um dos maiores é técnico: o que fazer com os ativos digitais caso um cliente entre em incumprimento? A resposta poderá estar na custódia externa, mas os detalhes ainda estão por definir.
Além disso, as criptomoedas continuam associadas a riscos de branqueamento de capitais. Isso exige das instituições um reforço nos mecanismos de compliance.
Mesmo assim, a possível entrada do JPMorgan neste segmento mostra que os criptoativos estão cada vez mais integrados na corrente dominante da banca.
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