O JPMorgan Chase & Co. vai começar a cobrar milhões de dólares às empresas fintech que acedem aos dados bancários dos seus clientes, segundo a Bloomberg. A medida representa um marco importante para o setor financeiro digital, que até agora beneficiava de acesso gratuito a essa informação.
Segundo fontes próximas, o maior banco dos Estados Unidos já enviou tabelas de preços a agregadores de dados como a Plaid Inc. e a MX. Estes agregadores ligam bancos a fintechs e alimentam aplicações como Venmo (da PayPal), Coinbase e Robinhood. Os novos encargos variam consoante o tipo de utilização dos dados, sendo mais elevados para serviços ligados a pagamentos.
A medida, que deverá entrar em vigor ainda este ano, depende do desfecho de uma regulamentação introduzida durante o mandato de Biden. Esta regra obriga os bancos a partilharem gratuitamente os dados dos clientes com terceiros autorizados. No entanto, está a ser contestada judicialmente e o seu futuro permanece incerto.
O porta-voz do JPMorgan defendeu que o banco investiu fortemente para criar uma infraestrutura segura e eficiente, sublinhando que estão a trabalhar com o setor para garantir a proteção dos clientes.
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, afirmou que os terceiros devem pagar pelo acesso ao sistema bancário e que a partilha de dados só deve ocorrer de forma segura e transparente. No seu relatório anual, reforçou que os bancos prestam serviços valiosos e que devem proteger-se de entidades que exploram os dados para fins comerciais próprios.
A decisão do banco poderá impactar sobretudo os consumidores com rendimentos mais baixos. Aplicações de orçamento familiar e gestão financeira pessoal poderão tornar-se menos acessíveis devido ao aumento de custos.
A Financial Technology Association, que representa empresas afetadas, já foi autorizada por um tribunal a defender a regra de open banking. Steve Boms, diretor da associação norte-americana de dados financeiros, classificou a decisão do JPMorgan como uma tentativa de restringir a inovação e impor uma “taxa arbitrária” ao setor concorrente.
A notícia teve impacto imediato no mercado. As ações de empresas como a PayPal, Block e Affirm caíram na última sexta-feira, com a PayPal a registar uma queda de 6,5%.
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