A Mastercard acredita que as stablecoins ainda não estão preparadas para uso em massa nos pagamentos quotidianos.
Durante uma conferência com analistas, Jorn Lambert, diretor de produtos da Mastercard, afirmou que estas moedas digitais atreladas ao dólar, apesar das suas vantagens técnicas, ainda enfrentam obstáculos significativos à adoção pelos consumidores.
Capacidades técnicas não bastam, diz Mastercard
Segundo Lambert, as stablecoins apresentam características como alta velocidade, funcionamento contínuo e baixos custos. Contudo, estas qualidades não são suficientes por si só.
São igualmente importantes atributos como uma experiência de utilizador fluida, alcance e distribuição ampla.
Jorn Lambert, diretor de produtos da Mastercard
A maioria das stablecoins ainda é usada para trading
Atualmente, cerca de 90% do volume transacionado em stablecoins destina-se à negociação de criptoativos e não a compras do dia a dia. Lambert comparou o seu uso atual aos cartões pré-pagos, que servem apenas para gastos em lojas específicas.
Embora empresas como a Shopify e a Coinbase estejam a tentar viabilizar pagamentos com stablecoins, há ainda atritos no processo de checkout e na experiência de utilização.
Mastercard aposta na infraestrutura, não na substituição
A Mastercard não vê as stablecoins como uma ameaça. Pelo contrário, posiciona-se como uma ponte entre ativos digitais e o sistema financeiro tradicional.
A empresa tem ampliado as suas parcerias com emissores de stablecoins como a Paxos (USDG), a Fiserv (FIUSD), a PayPal (PYUSD) e a Circle (USDC). Em junho, reforçou a colaboração com a Fiserv para integrar o token FIUSD à sua rede, permitindo liquidação com cartões ligados a stablecoins.
Custos reais vão além da moeda
Raj Seshadri, responsável de pagamentos comerciais da Mastercard, alertou que os custos de usar stablecoins vão muito além do valor do token. Envolvem taxas de entrada e saída, câmbio, conformidade e liquidação.
Apesar da crescente adoção e dos mais de 7,1 biliões de dólares em transações no último ano, a Mastercard considera que as stablecoins precisam de mais maturidade antes de se tornarem comuns no retalho.
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