Criptomoeda ganha adeptos em bairro excluído de Nairobi
O sistema de pagamentos móveis M-PESA tem sido a espinha dorsal financeira do Quénia. No entanto, em Kibera, o maior bairro de lata urbano de África, uma nova alternativa está a emergir: o bitcoin.
Impulsionado pela fintech local AfriBit Africa, o uso do bitcoin está a crescer entre jovens da zona de Soweto West. Estes utilizadores afirmam preferir a criptomoeda ao M-PESA, sobretudo devido aos custos de transacção mais baixos e maior velocidade.
Bitcoin atrai quem vive com pouco
A maioria dos moradores de Kibera vive com cerca de um dólar por dia. Nestes contextos, cada centavo poupado conta. As transacções no M-PESA são gratuitas apenas até aos 78 cêntimos. Acima disso, as comissões sobem.
Com o bitcoin, através da rede Lightning e da plataforma introduzida pela AfriBit, não há qualquer custo. Isto faz da cripto uma alternativa atractiva.
Colectores de lixo lideram adopção
O projecto teve início em 2022, com distribuição de subsídios em bitcoin a colectores de lixo. A actividade, apoiada por organizações não-governamentais, envolveu dezenas de jovens.
Damiano Magak, de 23 anos, é um deles. Além de coletor, é vendedor de comida e afirma que hoje 70% a 80% do seu património está em bitcoin. Prefere a cripto porque é rápida e barata. O mesmo diz Onesmus Many, que se sente mais seguro com os fundos numa carteira digital do que em dinheiro vivo.
Críticos alertam para riscos
Apesar do entusiasmo local, especialistas como Ali Hussein Kassim, da FinTech Alliance, avisam que a exposição excessiva a activos voláteis como o bitcoin pode ser perigosa para comunidades vulneráveis.
Mesmo assim, a AfriBit Africa acredita que o bitcoin representa liberdade. O cofundador Ronnie Mdawida defende a natureza descentralizada da cripto e destaca o investimento em educação financeira e cursos sobre cripto na comunidade.
Kibera como laboratório de futuro financeiro
O projecto é pequeno, mas significativo. Em bancas de legumes, mototáxis e redes informais, o bitcoin já circula como dinheiro. Kibera está a tornar-se num microcosmo onde o futuro das fintechs africanas se desenha.
Fonte: NWA
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