Nos últimos anos, Portugal tem-se destacado no cenário europeu de Deep Tech, com especial foco em inteligência artificial (IA) e cibersegurança. O país está a atrair investidores, startups e centros de investigação que apostam em tecnologias disruptivas para transformar setores estratégicos.
O que é Deep Tech?
De acordo com o Relatório Europeu de Deep Tech 2025, Deep Tech é definido como:
“Tecnologias baseadas em descobertas científicas e avanços de engenharia que estão a ser aplicadas pela primeira vez em produtos e empresas inovadoras.”
Características principais:
- Forte base científica (ex: IA, computação quântica, biotecnologia, energia nuclear, robótica avançada).
- Alto investimento em Propriedade Intelectual (IP) e desenvolvimento de tecnologias complexas.
- Ciclo de desenvolvimento mais longo, com foco em resolver problemas globais, como mudança climática, cibersegurança e saúde digital.
- Barreiras de entrada elevadas, que protegem as startups da concorrência rápida, ao contrário do “Shallow Tech” (startups tradicionais de software).
- Retorno financeiro mais demorado, mas com potencial de impacto global e crescimento exponencial quando a tecnologia atinge maturidade.
O Crescimento do Ecossistema Deep Tech em Portugal
De acordo com o Relatório Europeu de Deep Tech 2025, o investimento em tecnologias profundas na Europa atingiu 15 mil milhões de euros em 2024, representando um terço de todo o capital de risco na região. Embora Londres, Paris e Munique liderem o mercado, Lisboa e Porto começam a emergir como hubs promissores, especialmente em IA e cibersegurança.
Startups como a Feedzai, especializada em detecção de fraude com IA, e a Sword Health, focada em saúde digital, são exemplos do potencial português nesta área. Estas empresas têm atraído rondas de financiamento significativas e conquistado reconhecimento global.
Fatores que impulsionam Portugal como Hub de Deep Tech
- Infraestrutura tecnológica: O país possui centros de investigação de ponta, como o INESC TEC e o Instituto de Telecomunicações.
- Talento qualificado: A formação em engenharia e ciências da computação em universidades como o Técnico Lisboa e a Universidade do Porto tem alimentado o mercado com profissionais altamente capacitados.
- Apoio governamental: Iniciativas como o Programa Indústria 4.0 e o Plano Nacional de Cibersegurança têm incentivado o desenvolvimento de novas tecnologias.
IA e Cibersegurança lideram o investimento
O segmento de IA captou 3 mil milhões de dólares em 2024, com um crescimento impressionante de +113% em relação a 2023. Em paralelo, a cibersegurança, impulsionada pelo aumento de ataques cibernéticos e pela necessidade de proteger infraestruturas críticas, tem atraído capital significativo.
Oportunidades para o mercado português
A entrada de capital estrangeiro e a criação de startups inovadoras têm fortalecido o ecossistema local. Além disso, Portugal beneficia de um custo operacional mais baixo comparado a outras capitais europeias, o que atrai investidores em fase inicial.
“Portugal tem uma oportunidade única de liderar em IA aplicada à banca e ao mercado de capitais, áreas onde a cibersegurança é essencial”, afirma um dos analistas do relatório.
Desafios e perspectivas para o futuro
Embora Portugal esteja a crescer rapidamente no setor de Deep Tech, desafios como a necessidade de maior capital de crescimento local e a retenção de talentos especializados ainda persistem. No entanto, a aposta em políticas públicas favoráveis e a atração de investidores estrangeiros posicionam o país como um dos líderes emergentes em inovação tecnológica na Europa.
Com investimentos crescentes, talento local e apoio institucional, Portugal está a posicionar-se como um dos principais polos de Deep Tech na Europa. A aposta em IA e cibersegurança fortalece a posição do país como um destino estratégico para inovação tecnológica.
Fonte: The European Deep Tech Report 2025
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