O Reino Unido deu mais um passo na modernização do setor financeiro com a proposta da Financial Conduct Authority (FCA) para permitir a tokenização de fundos. A iniciativa visa colocar o país ao nível de centros europeus como a Irlanda e o Luxemburgo, reconhecidos pela sua liderança na administração de fundos, de acordo com o Financial Times.
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Fundos tokenizados e ganhos de eficiência
Os fundos tokenizados representam digitalmente a participação de um investidor num fundo e são registados numa blockchain, a tecnologia que sustenta as criptomoedas. Segundo a FCA, este modelo pode reduzir os custos operacionais e encurtar o tempo de liquidação de dias para minutos. Assim, o processo torna-se mais rápido, eficiente e com menor necessidade de capital.
Gestoras de ativos globais, como a BlackRock, Aberdeen e Franklin Templeton, já exploram este formato, que promete transformar a forma como os fundos são geridos e negociados.
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Modelo “direct to fund” e uso da blockchain
A proposta da FCA introduz o modelo “direct to fund”, que permite aos investidores aplicarem o dinheiro diretamente num fundo, sem passar por intermediários. Atualmente, o gestor recebe os fundos do investidor antes de os aplicar. Com o novo modelo, os investidores poderão acompanhar as suas participações diretamente na blockchain, garantindo maior transparência.
A Investment Association, entidade representativa do setor, defende que o modelo direto simplifica as operações e aumenta a eficiência. A FCA também confirmou não ter objeções ao uso de blockchains públicas, desde que sejam respeitadas as regras de privacidade e segurança.
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Rumo à regulamentação completa do mercado cripto
As propostas da FCA surgem antes do lançamento, previsto para 2026, de um quadro regulatório completo para criptoativos. O Reino Unido pretende assim posicionar-se entre os líderes mundiais no uso de tecnologia blockchain em finanças, num contexto em que os Estados Unidos e a União Europeia já avançaram com as suas próprias regulamentações.
Para Amarjit Singh, líder de ativos digitais na EY para o Reino Unido e Irlanda, esta decisão é “crucial para o setor britânico de gestão de ativos”, que enfrenta “pressões crescentes para inovar num mercado global competitivo”.