A exclusão digital continua a afectar gravemente as zonas rurais de muitos países em desenvolvimento, revela o relatório “Investing in the Future of Digital Inclusion for Developing Countries”, publicado recentemente pela Global Finance & Technology Network (GFTN). Apesar do crescimento da conectividade móvel, milhões de pessoas continuam fora do ecossistema digital, devido à combinação de custos elevados, falta de infraestrutura e baixa literacia digital.
Desigualdades marcantes entre zonas urbanas e rurais
O relatório destaca que, em países como Timor-Leste, apenas 22% dos agregados familiares têm literacia digital, sendo que esta taxa é fortemente desigual: 61% nas zonas urbanas e apenas 25% nas rurais. Estes números revelam uma lacuna profunda entre grupos sociais, com impacto direto no acesso a serviços digitais e financeiros.
Além disso, o custo do acesso continua a ser um entrave. Em Timor-Leste, por exemplo, 1GB de dados móveis custa 1,92 USD, enquanto mais de 29% da população ativa vive com menos de 2,15 USD por dia. Estes dados mostram como a acessibilidade financeira é essencial para uma inclusão significativa.
Infraestruturas e confiança ainda são escassas
Mesmo quando há cobertura de rede, a ausência de identidade digital confiável e serviços interoperáveis limita a utilização dos serviços digitais. A GFTN reforça que a conectividade, por si só, não garante inclusão. É necessário assegurar que os utilizadores saibam navegar em ambientes digitais, confiem nas plataformas e tenham acesso seguro aos serviços.
Iniciativas como o UPI da Índia ou o sistema PayNow de Singapura mostram que, quando há infraestrutura digital sólida e acessível, a adesão é massiva. No entanto, esses modelos ainda não são realidade para muitas regiões rurais, especialmente em África e no Sudeste Asiático.
Literacia digital continua a ser prioridade
O relatório propõe que os programas de literacia digital e financeira devem ser adaptados às realidades locais, com especial atenção às populações rurais. O uso de interfaces simples e a formação comunitária são vistos como formas eficazes de aumentar a confiança no uso de tecnologias.
Além disso, parcerias entre governos, fintechs e instituições financeiras são essenciais para expandir os serviços para zonas remotas. A criação de credenciais digitais, por exemplo, pode permitir que pequenos agricultores e comerciantes acedam a financiamento formal.
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