A inteligência artificial (IA) tornou-se uma ferramenta indispensável para a cibersegurança, mas também uma das maiores ameaças, segundo o relatório global da Deloitte, The Global Future of Cyber Survey 2024. Segundo o estudo, 39% das organizações já utilizam IA de forma intensiva em estratégias de proteção digital. No entanto, 81% dos líderes alertam para riscos como manipulação de algoritmos e deepfakes.
IA como escudo tecnológico
A pesquisa, que entrevistou 1.200 líderes de 43 países, mostra que empresas com alta maturidade cibernética estão na vanguarda da adoção de IA. Entre as aplicações mais comuns estão:
- Monitorização automatizada de infraestruturas digitais (42%).
- Deteção de ameaças em tempo real (39%).
- Resposta rápida a incidentes (38%).
Além disso, organizações que integram IA nos seus sistemas reportaram 2,4 vezes mais eficiência na proteção de dados sensíveis. “A IA permite antecipar ataques que humanos demorariam horas a identificar”, explica Emily Mossburg, líder global de cibersegurança da Deloitte.
Riscos emergentes: IA como Arma
Por outro lado, o relatório alerta para os perigos associados à tecnologia. Entre os principais temores estão:
- Explicabilidade de algoritmos (82%): dificuldade em entender decisões de IA.
- Integridade de dados (81%): manipulação de bases de informação.
- Envenenamento de dados (80%): corrupção de modelos de IA.
Ataques baseados em deepfakes já representam 28% das violações reportadas, segundo o estudo. “Criminosos usam IA para criar conteúdo fraudulento convincente, como vídeos ou emails falsos”, destaca Kevin Tierney, diretor de cibersegurança da General Motors.
Recomendações para empresas
Para equilibrar oportunidades e ameaças, a Deloitte sugere três ações prioritárias:
- Investir em formação técnica para equipas de TI.
- Criar protocolos éticos para o uso de IA.
- Reforçar parcerias com especialistas em segurança digital.
Organizações que seguem estas práticas têm 82% mais confiança na capacidade de resposta a ciberataques, comparando com empresas de maturidade média.
Contexto global
O relatório destaca ainda que 40% das empresas reportaram entre 6 a 10 violações de dados no último ano, um aumento de 2% face a 2023. A computação quântica surge como outro desafio futuro: 83% das organizações já avaliam os seus riscos.
Enquanto a IA revoluciona a defesa digital, exige também cautela. Como resume Patrick Milligan, diretor da Ford: “A tecnologia acelera a inovação, mas sem controlo, pode virar-se contra nós”.
Fonte: Deloitte
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