Vice-CEO da maior gestora de ativos da Europa afirma que stablecoins podem enfraquecer o dólar e funcionar como “quase bancos” sem regulamentação clara.
O aumento do uso de stablecoins lastreadas em dólares poderá desestabilizar o sistema global de pagamentos, alertou Vincent Mortier, Vice-CEO e Chief Investment Officer da Amundi Asset Management, em declarações à Reuters divulgadas a 3 de Julho.
Mudança nos fluxos e risco sistémico
Mortier indicou que ainda está a formar uma opinião definitiva sobre os ativos digitais estáveis. No entanto, chamou a atenção para riscos significativos associados ao seu crescimento acelerado.
Segundo o gestor, as stablecoins podem alterar drasticamente os fluxos de capital, enfraquecer o papel dominante do dólar americano e transformar-se em estruturas comparáveis a bancos tradicionais.
As pessoas depositam fundos em stablecoins e presumem que os podem levantar a qualquer momento.
Vincent Mortier
O papel da Amundi no panorama europeu
A Amundi é a maior gestora de ativos da Europa, com 2 biliões de euros (cerca de 2,4 biliões de dólares) sob gestão. As declarações de Mortier ganham peso num momento em que o debate sobre a regulamentação de stablecoins se intensifica a nível global.
Nos Estados Unidos, o projeto de lei GENIUS Act — já aprovado no Senado — pretende criar um quadro regulatório federal para stablecoins. O ex-Presidente Donald Trump apelou a uma rápida aprovação na Câmara dos Representantes.
Organismos internacionais lançam alertas
A Financial Action Task Force (FATF) também manifestou preocupação com o uso crescente de stablecoins por atores ilícitos. Numa nota de imprensa de 26 de Junho, alertou que a maior parte da atividade criminosa em blockchain já envolve stablecoins.
Já o Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), num relatório de 24 de Junho, referiu que estas moedas digitais não garantem estabilidade financeira nem soberania monetária sem regulamentação robusta. O futuro das stablecoins, segundo o BIS, permanece incerto.
Além disso, desafios como experiência do utilizador, fricções tecnológicas e conformidade regulatória continuam por resolver, reportou a PYMNTS a 26 de Junho.
Fonte: PYMNTS
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