Adoção em alta e riscos crescentes
As stablecoins podem retirar $1B a bancos de mercados emergentes nos próximos três anos, de acordo com um relatório do Standard Chartered. O documento, divulgado na segunda-feira e citado pela CoinDesk, indica que a procura por ativos digitais indexados ao dólar está a crescer de forma acelerada.
Segundo os analistas Geoff Kendrick e Madhur Jha, estas moedas digitais estão a dar a famílias e empresas de economias em desenvolvimento uma alternativa viável aos bancos locais. O fenómeno acelera a transferência de funções bancárias centrais para fora do setor tradicional, uma tendência já observada após a crise financeira global.
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O papel das stablecoins
As stablecoins são criptomoedas cujo valor é atrelado a ativos como o dólar ou o ouro. Para além de servirem como infraestrutura de pagamentos nos mercados cripto, são amplamente usadas para transferências internacionais de dinheiro.
O relatório nota que a adoção é particularmente elevada em países com moedas fracas e inflação persistente, como Egito, Paquistão, Bangladesh e Sri Lanka. Nestes mercados, o risco de fuga de depósitos torna-se mais evidente.
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Impacto previsto e resposta dos reguladores
Apesar de não oferecerem rendimento — proibido pela lei norte-americana GENIUS Act —, as stablecoins atraem utilizadores focados na preservação de capital. O Standard Chartered prevê que o mercado global de stablecoins atinja os 2 biliões de dólares até 2028, com dois terços da procura vindos de mercados emergentes.
Embora estas moedas digitais ameacem depósitos tradicionais, também prometem vantagens, como transferências internacionais mais baratas e pagamentos mais rápidos. Em resposta, vários reguladores de economias emergentes estão a lançar pilotos de moedas digitais e a modernizar os seus sistemas de pagamento.
O banco, no entanto, deixa um alerta: se as autoridades locais não se adaptarem de forma rápida, o atual “verão das stablecoins” pode transformar-se num longo inverno para os bancos destes mercados.