A inteligência artificial (IA) está a transformar os departamentos jurídicos internos, revelando-se uma ferramenta cada vez mais estratégica. Segundo o relatório “From Data to Wisdom: How AI is transforming in-house legal departments” da KPMG, publicado em abril de 2025, a IA está a permitir que equipas jurídicas deixem de lado processos manuais e passem a operar de forma proativa, inteligente e baseada em dados.
Crescimento com impacto
Mais de 51% dos líderes jurídicos entrevistados para o estudo indicaram que a IA já teve um impacto significativo ou transformador nas suas funções. No entanto, o setor jurídico ainda está atrás de áreas como TI (68%) e operações (60%) em termos de adoção tecnológica, o que revela um enorme potencial de crescimento.
Casos de uso com retorno imediato
A KPMG destaca os principais usos atuais da IA na área legal:
- Gestão do ciclo de vida dos contratos (CLM) com análise de cláusulas e sugestões automáticas.
- eDiscovery com revisão acelerada de documentos e identificação de riscos.
- Compliance com sistemas que monitorizam alterações regulatórias em tempo real.
- Investigação jurídica automatizada, com pesquisa mais rápida e eficaz em jurisprudência e normas.
Estas soluções reduzem o tempo de resposta, aumentam a precisão e permitem decisões jurídicas mais sólidas.
Transformação interna e externa
Internamente, as equipas jurídicas beneficiam da automatização de tarefas repetitivas, o que lhes permite concentrar-se em questões estratégicas. Externamente, há uma mudança nas relações com escritórios de advocacia. Modelos baseados em honorários fixos ou desempenho estão a substituir o modelo tradicional por hora.
A IA também facilita a integração entre os departamentos jurídicos, financeiros e de compliance, promovendo decisões empresariais mais alinhadas com os objetivos globais da organização.
Governança e ética no centro
Apesar das vantagens, o relatório alerta para riscos. Questões como privacidade de dados, viés algorítmico e conformidade legal exigem atenção. A KPMG recomenda a criação de estruturas de governação responsáveis, baseadas em transparência, explicabilidade e supervisão humana.
Preparar o futuro jurídico
Para Stuart Bedford, Global Head of Legal Services da KPMG, o futuro dos serviços jurídicos é inteligente e colaborativo. Não se trata apenas de automatizar, mas de aumentar a capacidade de decisão e contribuir ativamente para a estratégia empresarial.
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